PCH Zeca Golin entra em operação no Paraná com 9,85 MW de potência

Localizada em Anahy, região Oeste do Paraná, usina levou aproximadamente 12 anos para obter o licenciamento ambiental e 24 meses para ser construída

Por Conexão Construção 25/10/2022 - 16:06 hs
Foto: Grupo Paineira Participações
 PCH Zeca Golin entra em operação no Paraná com 9,85 MW de potência
Construção da PCH abriu 140 novos postos de trabalho no município

Uma nova Pequena Central Hidrelétrica (PCH) acaba de entrar em operação no Paraná. Foi inaugurada em 14 de outubro, em Anahy, região Oeste do Paraná, a PCH Zeca Golin, com investimento de R$50 milhões e capacidade instalada de 9,85 megawatts (MW) de potência.

A inauguração aconteceu no mesmo dia em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promoveu o leilão A-5, que adquiriu 557,449 MW de potência, para início de fornecimento em 1º de janeiro de 2027. Ao todo, foi contratada a energia proveniente de 22 projetos no Brasil, sendo 12 deles para geração de energia hidrelétrica, com até até 50 megawatts (MW). Venceram o leilão nove PCHs, duas CGHs e uma UHE, correspondente a quase 50% da demanda do certame para o país.

12 anos de espera

Inicialmente registrada como Fazenda do Salto, a usina recém-inaugurada teve seu nome alterado em homenagem a um dos diretores, que faleceu antes de conseguir ver a obra concluída. A PCH Zeca Golin - localizado no rio Sapucaia, entre os municípios de Anahy e Iguatu - levou aproximadamente 12 anos para obter o licenciamento ambiental e 24 meses para ser construída. A geração média anual será de 47.390 MWh/ano de energia elétrica.

A construção da PCH abriu 140 novos postos de trabalho no município, que possui cerca de 2.700 habitantes, desde o início da construção. O diretor do Grupo Paineira Participações, Paulo Gulin, destacou que o Brasil é um país de vocação hídrica para a geração de energia hidráulica e que as PCHs devem ser vistas como uma forma de preservação dos recursos hídricos existentes.

"Para que se tenha ideia, o Brasil possui ao todo 1.150 empreendimentos construídos entre PCHs e CGHs. Em cada uma destas áreas, cerca de 80% do perímetro é formado por Áreas de Preservação Permanente, sem contar a área do lago da usina", demonstra. "O nosso grupo investe em geração de energia hídrica há 22 anos. É a mais barata que existe, é sustentável, renovável e ainda utiliza tecnologia 100% nacional", completa Paulo. 

O grupo Paineira possui outras 11 usinas, entre PCHs, CGHs - empreendimentos que variam entre 0 e 30 megawatts (MW) de potência instalada - e UHEs - em diferentes regiões do Brasil.

Licenciamento ambiental e ganho florestal 

De acordo com a Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), o Paraná, ao lado de Goiás, foi o estado que mais licenciou pequenas hidrelétricas nos últimos três anos com um aumento de 37% no número de licenças emitidas, entre LP, LI e LO.

Para a presidente da Abrapch, Alessandra Torres de Carvalho, a inauguração da PCH Zeca Golin demonstra a evolução nos processos de desburocratização para licenciamentos, que tanto se busca no país.

"Um levantamento da Abrapch junto ao órgão ambiental no Paraná apontou que as áreas de APP foram triplicadas com a instalação de 89 PCHs e CGHs, entre os anos de 2014 e 2022", afirma Alessandra

Para a instalação de todos os empreendimentos, segundo o Instituto Água e Terra (IAT) - órgão ambiental do estado. - se fez necessária a supressão florestal de 951 hectares, correspondente a área estritamente necessária para a instalação da usina e da casa de força.

No entanto, os empreendedores garantiram a recomposição florestal de 3.119 hectares, quase 3,5 vezes mais do que o volume suprimido. "Estes daos que é possível desenvolver, gerar energia, empregos e renda e ao mesmo tempo proteger ou recuperar o meio ambiente", reiterou Alessandra.

Para o licenciamento ambiental da PCH Zeca Golin, foram elaborados estudos de levantamento, resgate e monitoramento da flora e da fauna, plano de recuperação de áreas degradadas, entre outros programas ambientais.

Além da função de geração de energia, as estruturas das pequenas usinas protegem as margens dos rios contra a erosão e possibilitam o uso das águas para irrigação, piscicultura, abastecimento e lazer. A proteção das nascentes também é grande contribuição das CGHs e PCHs, realizada em conjunto com os agricultores e que permite a manutenção da qualidade e quantidade das águas.

O prefeito de Anahy, Carlos Antônio Reis, disse que os investimentos não são apenas em energia. "Refletem na auto estima dos trabalhadores, na melhoria do turismo, da qualidade de vida e na economia da cidade", ressaltou. 

Cenário Nacional 

O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas em até 13.700 megawatts -- aumento em aproximadamente quase 300% - com menor impacto ao meio ambiente, se comparado a outras fontes.

Isso porque, atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 6.350 megawatts de potência instalada, com a possibilidade de chegar a aproximadamente 20.000 megawatts com os projetos já inventariados, segundo a Abrapch. Segundo dados da Agência Nacional de Energia (Aneel ), ao todo, são 1.150 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos.

Apenas na região Sul, existem atualmente 407 PCHs e CGHs em operação, com potencial para outros 828 projetos.

"Os investimentos em pequenas hidrelétricas são fundamentais para a redução das tarifas e eliminação de futuras bandeiras tarifárias, em períodos de seca como a que vivemos nos últimos dois anos", finaliza Alessandra.